CONTROLE DE RISCOS EM SILOS
(NRs 6, 7, 9, 12, 18, 31, 33) CONTROLE DE RISCOS EM SILOS
Dois
trabalhadores morreram soterrados em um silo de armazenagem de soja no
oeste do Paraná, quando acompanhavam o final do escoamento dos grãos que
estavam sendo despejados em caminhões. Os trabalhadores foram
“engolidos” por aproximadamente dez toneladas dos grãos, que neste caso
se comportam como se fossem areia movediça. Este acidente nos remete a
um post do BLOG NRFACIL, já publicado, no qual vale a pena rever-se os
principais aspectos dessa atividades e os seus riscos.
ATIVIDADES EM SILOS COMO PROTÓTIPO DE UM
DIRETÓRIO DE RISCOS
DIRETÓRIO DE RISCOS
Você sabe quais são os principais agentes de risco identificados e estudados nos ambientes de trabalho?
Neste
post comentaremos sobre uma das atividades na qual coexistem
praticamente todas as categorias básicas, inclusive acidentes graves,
principalmente explosão e soterramento de trabalhadores.
Vamos rever e estudar esses riscos e seus controles nas atividades em silos e as principais NRs associadas a essa atividade.
TRABALHO EM SILOS
Se
estudamos uma atividade que envolve praticamente todas as categorias de
risco, sem dúvida que os silos apresentam um diretório completo.
Aproveitaremos, também, para mostrar algumas NRs estratégicas
associadas ao controle desses riscos. Outras NRs, além das que foram
mencionadas no título, devem ser consideradas pelos nossos leitores.
Com
o agronegócio em plena expansão, principalmente no Brasil, as atenções
dos profissionais em SST se voltam para os trabalhadores nessas
atividades. O problema é que, enquanto que os acidentes em silos
são os que mais chamam a atenção, é importante analisarmos tambem os
riscos e as doenças envolvidas e principalmente porque esses acidentes
ocorrem e quais as NRs que devemos recorrer para consulta nessas
situações.
Estudos
apontam que 38% dos acidentes nessa atividade são ocasionados pela
falta dos equipamentos de segurança e 20% são resultados da deficiência
na qualificação e na especialização da mão de obra, enquanto o
percentual restante estaria dividido em motivos outros, como a falta de
fiscalização do cumprimento das normas (25%) e negligência na compra de
materiais de segurança nas empresas (17%).
As
atividades com grãos envolvem um complexo de máquinas, equipamentos e
silos. O silo, como qualquer outro espaço confinado é um local ou área
não projetada para ocupação humana e possui meios limitados de entradas e
saídas, contendo ventilação insuficiente para excluir os contaminantes,
e possui pequenas concentrações de oxigênio, como forma de prevenção e
combate aos organismos patológicos aeróbicos que possam danificar os
grãos. O acúmulo de poeiras nos elevadores, pisos e túneis apresentam
grandes riscos de incêndios desde que os grãos são aquecidos ao ponto de
liberar gases de combustão. A poeira de grão forma uma atmosfera
explosiva quando na presença de oxigênio e uma fonte de ignição (calor),
presente em todos os lugares onde são armazenados, transportados e
processados os grãos. Abaixo, um gráfico do mecanismo de soterramento:
DIRETÓRIO DE RISCOS
Os
riscos ocorrem principalmente nas unidades de armazenagem (silos),
através das múltiplas tarefas exigidas no processo de tratamento dos
grãos (recebimento, limpeza, secagem, expurgo, expedição, etc.). Todas
as operações de transporte e deslocamento de grãos implicam na produção
de grandes quantidades de poeiras (agentes físicos).
Estudos comprovam que nessas atividades 75% das poeiras caem pela ação
da gravidade, entretanto, mais de 25% permanecem suspensas. Além disso,
as poeiras, após atingirem uma concentração elevada (acima der
1gf/cm3)em áreas pouco ventiladas dos silos, podem provocar explosões,
principalmente pela presença de eletricidade estática. Portanto a
proteção ambiental é prioritária, enquanto que os principais tipos de
EPis para a atividade em silos são os que se relacionam à proteção dos
membros e funções expostos a esses riscos, principalmente o cinto
trava-quedas para trabalho em altura.
Na operação de expurgo, os trabalhadores utilizam fumigamento de pesticidas (riscos químicos). Condições inadequadas de estocagem favorecem a proliferação de bactérias, fungos, ácaros e insetos nos grãos (riscos biológicos).
A intensidade do trabalho físico aumenta a frequencia respiratória e o
volume de ar corrente, aumentando a absorção de agentes de risco. Além
disso, as máquinas envolvidas no processo dissipam intenso ruído e
vibração, enquanto que as fornalhas dissipam calor excessivo (riscos físicos). O risco de traumatismos (acidentes)
ocorrem com dispositivos mecânicos e durante a descarga de caminhões e
vagões, além de quedas (trabalho em altura). E, finalmente, os ambientes
de trabalhos em silos, principalmente os metálicos, são considerados
espaços confinados, que exigem grande esforço físico e coordenação com
torções e agressões à coluna vertebral (riscos ergonômicos).
Outros exemplos de agravos incluem quedas de altura, asfixia na massa
de grãos, intoxicação, choque elétrico e alto potencial de riscos de
incêndios e explosões devido ao acúmulo de poeiras no interior do silo e
as que ficam depositadas nas máquinas e nos equipamentos elétricos.
As
poeiras acumuladas em áreas de armazenagem e em equipamentos elétricos
poderão causar uma explosão se ela for agitada ou colocada em suspensão
no ambiente e na presença de uma fonte de ignição com energia
suficientemente para iniciar uma explosão, fazendo com que dê lugar a um
volume de gás quente que desenvolve uma onda de pressão, causando
vibrações subsequentes pela onda de choque, fazendo com que gere uma
nova nuvem de poeiras que estavam depositadas nas proximidades causando
mais explosões e assim sucessivamente provocando várias explosões
secundárias sempre mais devastadoras que a anterior, levando a prejuízos
irreversíveis ao patrimônio e principalmente invalidez ou morte dos
trabalhadores.
INDICADORES PRECOCES
Com
poucos minutos de exposição, já se nota e pele e roupa cobertas pela
poeira e sintomas de irritação na pele, olhos, nariz e boca. A exposição
ocupacional a poeiras de grãos de cereais começa com uma sensação de
desconforto, depois vem períodos de irritação no nariz e nos olhos,
crises de tosse e finalmente alterações crônicas irreversíveis
provocados por obstrução das vias aéreas. Como em muitos outros fatores
de risco presentes nos ambientes de trabalho, é muito longo o período
que vai da exposição inicial até a eclosão de uma lesão pulmonar
irreversível. A associação com fumo agrava o risco de piora do quadro
pulmonar, chegando à doença pulmonar obstrutiva crônica, que é
gravemente incapacitante.
MEDIDAS DE CONTROLE
A
estratégia principal consiste na redução dos níveis de concentração de
poeira e evitar a contaminação microbiológica da massa de grãos. A
eliminação ou redução dos fatores ambientais, previstos no PPRA (NR-9),
caracteriza a chamada prevenção primária das doenças ocupacionais. No
PCMSO devem ser implementados programas de prevenção primária das
doenças respiratórias, utilizando-se métodos de avaliação quantitativa e
qualitativa que possam monitorar o risco ambiental de exposição a
poeira de grãos e possibilitem orientar medidas de controle,
principalmente para aumentar a qualidade do ar no interior das unidades
de armazenagem. São úteis as medidas de rastreamento para diagnóstico
precoce de doenças respiratórias utilizando questionários de sintomas
respiratórios e a espirometria. Outros instrumentos podem medir a
presença de gases e prevenir a ocorrência de explosões (veja as NRs
abaixo).
Um dos instrumentos úteis para medir a
presença de gases em espaços confinados
presença de gases em espaços confinados
CONEXÕES COM AS NRs
Algumas
NRs estão relacionadas às atividades com silos que devem ser
obrigatoriamente consultadas na prevenção e rastreamento dos riscos
nessas atividades. Destacaremos algumas a seguir, utilizando
infográficos do site NRFACIL.
Abriremos as pastas das NRs focando em determinado assunto relacionado,
utilizando o Remissivo de cada NR e assim projetar as principais
recomendações.
A
principal NR é a 31 (Rural). No Remissivo da NR selecione a opção SILOS
e observe as principais instruções, principalmente aquelas relacionadas
à proteção individual e ambiental:
Um
dos aspectos principais do trabalho em silos é a situação de
confinamento. Na NR-18 já existem diretrizes que devem ser do
conhecimento dos profissionais em SST (veja o item em destaque – locais
confinados), enfatizando as medidas de proteção ambiental:
Observe
outra importante recomendação, relacionada à composição do SESMT rural
ou SESTR. Nenhuma proposição em matéria de segurança pode dar certo se
não for implementada por uma equipe técnica, profissionais que deve
planejar e implementar ações para a gestão no trabalho rural:
Outras
regras indispensáveis ao conhecimento dos profissionais é o que
preconiza a NR-33 com relação medidas técnicas de prevenção (observe no
item h mais uma recomendação para espaços confinados):
Um
dos aspectos mais importantes em qualquer programa de gestão, inclusive
com relação às máquinas envolvidas no trabalho em silos: a Capacitação.
Veja o que preconiza as NRs 12 e 33. Veja, ainda, que há um item da NR
relacionada à Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em espaços
confinados (acesse a pasta da NR-33 no site NRFACIL e veja detalhes
deste item):
E,
finalmente, não poderíamos deixar de assinalar as recomendações das NRs
7 e a 9 no processo de antecipação dos riscos e monitoramento da
exposição ocupacional no caso do trabalho em silos. Os dois próximos
infográficos das NRs 7 e 9 estabelecem as atribuições do Eng de
Segurança no processo de antecipação dos riscos e do Médico do Trabalho
no monitoramento de aerodispersóides nos ambientes de trabalho:
Participe
do Blog enviando comentários e outros itens de NRs relacionados a este
assunto. Ao consultar e estudar as NRs, vc vai aprendendo um pouco mais
sobre como essas regras se constituem um excelente Sistema de Informação
em relação a riscos e controle de riscos e não apenas um acervo de
legislação.
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