terça-feira, 10 de junho de 2014

OBSERVAÇÕES SOBRE O ACIDENTE NA TURQUIA

OBSERVAÇÕES SOBRE O ACIDENTE NA TURQUIA

 
 

 

17/05/2014 

OBSERVAÇÕES SOBRE O ACIDENTE NA TURQUIA


 

O acidente na Turquia, em uma mina de extração de carvão ocasionou a morte de mais de 300 trabalhadores. Algumas observações aparecem de imediato, além das inevitáveis conexões em relação ao acidente do Chile e lembrar a situação dos mineiros no Brasil:
A mina dispunha de uma câmara de sobrevivência, apta para 500 pessoas, mas que estava sendo desmontada para ser transferida a outro lugar da mina, razão pela que não pôde ser utilizada durante o acidente
A maioria dos trabalhadores é terceirizada e não havia fiscalização; alem disso a Turquia não assinou a Convenção da Organização Internacional de Trabalho (OIT)
As condições de risco sem controle existem há muito tempo mas não há empenho das empresas em desenvolver mecanismos de controle
A fiscalização é ineficiente e ignoram-se dispositivos legais de segurança, incluindo os da OIT
A empresa sempre se isenta de culpa mas no final a Justiça reconhece a inobservância de obrigações e obriga à pesadas indenizações e financiamento das necessidades dos dependentes por parte da empresa.
Em grande parte, quanto maior o risco, maior a desqualificação dos trabalhadores, em grande parte terceirizados e fora  do sistema de treinamento obrigatório da empresa; com isso, reforça-se a teoria do “ato inseguro”, culpando-se os trabalhadores;

ANALOGIAS COM O ACIDENTE DO CHILE
A profundidade da mina no Chile (que explorava cobre) era de 700 metros e na Turquia é de dois mil (extração de carvão). No Chile 33 homens ficaram retidos e na Turquia mais de 100 mineiros ainda estariam desaparecidos – possivelmente boa parte deles ainda estaria presa nos túneis. Para piorar a situação, uma explosão dispersou gases tóxicos no interior da mina turca, o que vem obrigando as equipes de resgate a tentar bombear oxigênio para seu interior.
Logo após o acidente com os "33 mineiros", como eles ficaram conhecidos no Chile, as autoridades locais iniciaram um debate para a maior segurança nas minas. Também foram discutidas penalidades que incluíam prisão para os donos de empresas responsáveis, em caso de acidentes. Segundo sindicatos, a fiscalização aumentou e os acidentes diminuíram, mas a lei, por questões políticas, não saiu do papel. Era esse projeto de lei que previa até prisão para os donos das minas.


A SITUAÇÃO NO BRASIL
Republicamos alguns tópicos de um post deste Blog, à época do acidente no Chile, sobre a situação de mineiros no Brasil e os riscos a que estão correndo, com reprodução de uma levantamento realizado pelo Jornal O Globo, que autorizou a publicação neste site.

  

 

(NR22) MINEIROS DO BRASIL


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MINEIROS EMBARCAM PARA O TRABALHO SUBTERRÂNEO
O embarque dos mineiros lembra o embarque de astronautas da NASA. Mas aqui o buraco é mais embaixo. Esses trabalhadores adentram um território de alto risco de doenças e acidentes, muitas vezes em situação precária de segurança individual e ambiental.
O artigo abaixo foi publicado no site de “O Globo”, descrevendo a situação dos nossos mineiros. Não é somente no Chile, mas em vários países, incluindo o Brasil, a atividade mineira encerra riscos específicos e elevados.
A preocupação com o trabalho em minas começa em 1931 quando a OIT emite a Convenção No. 31, que limitava as horas de trabalho em trabalhadores de minas de carvão. No Brasil, é a NR-22 (acesse a versão digital da NR aqui)  que trata da Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração.
O site NRFACIL solicitou e foi autorizado a publicar a reportagem, através de email de Márcia Santos, Assistente de Relacionamento do site www.oglobo.com  Veja os créditos abaixo e o link da reportagem.

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O TRABALHO NA MINA 
São dez mil trabalhadores em minas subterrâneas no Brasil, 5.146 atuando na extração de carvão, dos quais 4.154 somente em Santa Catarina. Enfrentam um dos trabalhos mais perigosos do mundo: a extração de minerais no subsolo. Nas minas de carvão do estado, eles descem em gaiolas, elevadores que levam os mineiros até 150 metros, podendo descer a 370 metros de profundidade. Eles se aposentam com 15 anos de profissão e ganham entre R$ 1.200 e R$ 2.400. São em sua maioria jovens e filhos, netos, sobrinhos, irmãos, genros e cunhados de mineiros. A atividade centenária na região espalha-se por seis cidades unidas pelo carvão: Criciúma, Lauro Muller, Barro Branco, Siderópolis, Forquilhinha e Treviso.  Desde maio de 2008, houve 12 mortes na região e dois trabalhadores ficaram inválidos.

São 11 minas de carvão em Santa Catarina. A Mina 3, da Cooperativa de Extração de Carvão Mineral dos Trabalhadores de Criciúma (Cooperminas), está a 100 metros de profundidade, no município de Forquilhinha. Já avançou 4,5 quilômetros por debaixo da terra, extraindo o mineral, em paralelo à superfície. São 700 mineiros trabalhando 24 horas.

Há normas que determinam as condições de segurança no trabalho nas minas. A mais recente, a NR 22, ainda não foi plenamente adotada no Brasil. Mas houve avanços. A poeira constante que anuviava o ambiente foi praticamente eliminada, com a umidificação da mina. Os furadores de teto que eram carregados pelos mineiros ficam agora presos ao chão. A ventilação melhor fez cair a temperatura no subsolo.

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DOENÇAS E ACIDENTES
Em 1984, uma explosão provocada por gás metano, na mina Santana, em Urussanga, Santa Catarina, matou de 31 mineiros de uma só vez, no maior acidente registrado na região

Enquanto o mundo ainda comemora o resgate dos 33 mineiros chilenos, que ficaram presos a 750 metros de profundidade, no Brasil os trabalhadores nas 11 minas de carvão em Santa Catarina choram os seus mortos a conta-gotas na região. Foram 12 mortes desde maio de 2008. A última aconteceu há apenas dois meses, e mais dois mineiros ficaram inválidos. A cada dois meses, um trabalhador perdeu a vida nas minas subterrâneas, num dos trabalhos mais perigosos do mundo, revela reportagem de Cassia Almeida e fotos de Marcia Foletto.
Os acidentes fatais tinham parado de assombrar a rotina dos 4.154 mineiros das cidades de Criciúma, Lauro Muller, Barro Branco, Siderópolis, Forquilhinha e Treviso, em Santa Catarina.Entre 2003 e 2007, um trabalhador morreu. A situação começou a piorar em maio de 2008, com a explosão de metano na mina 3G, da Carbonífera Catarinense, onde dois mineiros morreram.
Segundo Ricardo Peçanha, superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Santa Catarina, ligado ao Ministério de Minas e Energia, a Carbonífera Metropolitana, com 800 funcionários, concentra a maior parte dos acidentes fatais: desde maio de 2008, aconteceram lá seis das 12 mortes e um trabalhador ficou inválido. “Embora a empresa tenha os procedimentos mais específicos, maior equipe de engenheiros e técnicos e a que tem a maior quantidade de equipamentos de proteção e controles, é a que tinha o pior clima organizacional e de relacionamento”.
A história das cidades da região carbonífera de Santa Catarina se confunde com a atividade centenária, que atrai trabalhadores geração após geração e explica tanto o desenvolvimento econômico como a degradação ambiental e a insegurança no trabalho. Os salários costumam ser melhores e a aposentadoria ocorre após apenas 15 anos, o que atrai os homens da região.
Arte: Leandro Monteiro, Mariana Nobre, Mariana Castro | Infográfico: Fernando Alvarus | Reportagem: Cássia Almeida | Fotos e vídeos: Marcia Foletto |
Compilação: Prof. Samuel Gueiros, Med Trab Coord NRFACIL

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