Empresas
devem restituir valor de acidentes de trabalho ao INSS
Empresas acusadas de descumprir
normas de segurança do trabalho terão que ressarcir os cofres públicos em R$
411 milhões. Levantamento feito pela Advocacia Geral da União (AGU) aponta que
nos últimos três anos o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desembolsou
cifra milionária para pagar funcionários licenciados em decorrência de
acidentes de trabalho. Entretanto, nos acidentes ocorridos em virtude de falhas
na estrutura de segurança, as companhias são cobradas judicialmente a devolver
o valor ao governo federal. Em Minas, as ações em andamento preveem
ressarcimento superior a R$ 24 milhões.
O
mecanismo para apuração dos acidentes é simples. Quando as procuradorias têm
notícia de um acidente de trabalho, é aberto um procedimento para identificar
se ele ou algum familiar está recebendo o seguro. Se confirmado, abre-se uma
investigação para saber se há culpabilidade da empresa. O cumprimento das
normas de segurança de saúde e do trabalho é verificado. Na sequência, o
processo é arquivado ou a AGU impetra uma ação para tentar reaver o valor pago
em forma de benefício. Em caso de suspeita de culpa, é feito o cálculo de
quanto o INSS já desembolsou e são acrescidos mais de 12 meses, estipulando-se
assim o valor da causa.
Ao todo,
foram propostas 2.319 ações regressivas acidentárias de 2010 para cá. Minas é o
quarto no ranking, com 189 ações movidas contra empresas, atrás de São Paulo,
Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O índice de condenação das empresas é
superior a 70%. "O objetivo é que haja redução do número de acidentes. É
um problema social muito grande. O Brasil é um dos países com mais acidentes de
trabalho no mundo", afirma o coordenador geral do setor de Cobrança e
Recuperação de Créditos da AGU, procurador federal Fábio Munhoz.
No país,
o caso de maior repercussão na recuperação de valores refere-se ao acidente que
matou sete pessoas durante a obra para construção de uma linha do metrô de São
Paulo. A empresa já foi condenada a pagar o valor gasto pelo INSS com as
famílias dos trabalhadores mortos e as demais vítimas que sofreram lesões. Em
Sergipe, a morte de quatro operários envolvidos na construção daquela que seria
a maior árvore de Natal do mundo resultou na condenação da empresa responsável
ao ressarcimento de R$ 1,6 milhão. A obra desmoronou e ficou constatado que a
tragédia resultou da falta de projeto estrutural, reutilização de material
deteriorado, improvisação na realização da obra e uma série de descumprimentos
às normas de segurança do trabalho.
Em Minas,
a AGU provou que uma empresa foi negligente com a segurança dos empregados, o
que acarretou pagamento dos auxílios doença e acidente para um operário que
teve dois dedos esmagados enquanto trabalhava em uma prensa hidráulica de 150
toneladas. A máquina já tinha apresentado defeito anteriormente, tendo ferido
outro funcionário. Em outro caso, uma mineradora foi condenada a restituir o
INSS dos valores pagos à esposa de um operário, morto em 2007, devido à
operação inadequada de um guindaste. Segundo as provas geradas no processo, o
equipamento operava além de sua capacidade e o trabalhador não tinha
treinamento suficiente para usá-lo.
De olho
nas falhas do setor, a Procuradoria-Geral Federal, órgão vinculado à AGU, criou
um núcleo de ações prioritárias, sendo um deles voltado especialmente para
ações regressivas. Com isso, cada estado tinha pelo menos um procurador focado
nesse tema. O resultado foi significativo. Enquanto em 2006 as ações propostas
pela AGU tinham expectativa de reembolso de R$ 1,8 milhão, em 2011 o montante
superou R$ 123 milhões. Ainda assim, Munhoz ressalta que "muitos acidentes
ainda ficam escondidos" pelas empresas, que fazem de tudo para manter em
sigilo as ocorrências.
Fonte:
Revista Proteção
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