AFOGAMENTO
“É uma das grandes ironias da mãe natureza que o homem tenha
passado os primeiros
nove meses de sua existência
envolto em água, e o resto de sua existência com medo inerente da submersão”..
O
afogamento é a maior causa previsível de morbidade e mortalidade acidental. Pela sua dimensão, é um problema de saúde
pública, muitas vezes negligenciado. No mundo, cerca de500.000 morte por
afogamento acontece por ano, sendo 97% delas nos países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos.2,3 É a segunda causa mais comum de morte
acidental em crianças,perdendo apenas para acidentes automobilísticos4. No Brasil, é a primeira causa de morte
acidental em crianças de 1 a
4 anos (31,7%) e segunda da faixa etária de 0 a 14 anos. Ironicamente,
90%de todos os casos de afogamento ocorrem a 10m de uma medida de segurança.
No
Brasil, a idade de maior ocorrência de óbitos por afogamento é de 20 a 29 anos, sem
distinção
entre os estados, banhada ou não pelo mar. Na
Europa, o afogamento é a principal causa de morte acidental em jovens do sexo
masculino.
Os
afogamentos em água doce são mais freqüentes em crianças menores de dez anos.
Estima-
se
que são 8.000 os casos de morte nos EUA, sendo 53% em piscinas. No Brasil ,
o afogamento em água doce ocorre mais em rios, lagos e represas, na metade dos
casos.
Estima-se que ocorram entre 40 a 45% durante a natação e 12 a 29% associados ao uso de
barcos. Em esportes náuticos, os afogamentos são responsáveis por 90% dos
óbitos.
O
consumo de álcool é um fator contribuinte em até 70 dos afogamentos. Fatores de risco pode ser também a presença
de epilepsia, autismo, certas síndromes congênitas, a síndrome do QT longo, e a
prática do nascimento na água. O
afogamento pode, ainda, estar ligado a questões não acidentais, como homicídios,
maus-tratos, e outras causas.
Concluindo, a maior parte dos
afogamentos acontece em pessoas jovens, saudáveis, e produtivas, com longa
expectativa de vida. Por isso um atendimento imediato, adequado e eficaz deve
ser prestado logo após ou mesmo durante o acidente.
Causa
Afogamento
é a morte por asfixia, que resulta de um acidente por submersão, dentro do 1°
dia do acidente.
O
termo quase-afogamento refere-se à vítima que sobrevive à asfixia decorrente de
um episódio de submersão, pelo menos por 24 horas
Afogamento
é o resultado de asfixia por imersão ou submersão em qualquer meio líquido,
Dificultando
parcialmente ou por completo a ventilação ou a troca de oxigênio com o ar
atmosférico.
A
existência de uma interface líquido/ar na entrada da via aérea do paciente
impedindo a respiração
é
uma condição necessária. A vítima pode não ter seqüelas, ter morbidade ou
morrer. Imersão
significa
ter o corpo coberto por água ou outro líquido. Para que ocorra afogamento, pelo
menos a
face
e via aérea devem estar imersas. Submersão implica que todo o corpo, incluindo
a via aérea,
deve
estar abaixo da água ou outro líquido.
O
Comitê Internacional de Reanimação (ILCOR) recomenda que não mais sejam usados
os
termos:
afogamento seco e molhado, afogamento passivo e ativo, afogamento silencioso, e
afogamento
secundário.
Tipos
de Acidentes na água e fases do afogamento
A
figura I resume os três tipos de acidente na água e as fases de afogamento.
A
síndrome de imersão é uma síncope desencadeada pela exposição súbita à água com
uma
temperatura
5°C abaixo
da temperatura corporal, provocada por uma arritmia, bradi ou taquiarritmia.
Pode
ocorrer em temperaturas de água tão quentes quanto 31°C , freqüentes no litoral
brasileiro e
hidrocussão.
Nenhuma explicação científica foi provada para explicá-la. Estudos mostram que
a
ocorrência
deste acidente pode ser reduzida se, antes de se entrar na água, se molhar a
face e o
pescoço.
As
vítimas de afogamento em geral apresentam uma fase inicial de pânico, com luta
para se manter
na
superfície. Apnéia voluntária ocorre durante a submersão, geralmente seguida de
deglutição de grandes
quantidades
de líquido, com subseqüentes vômitos, laringoespasmo e aspiração de líquido.
Por fim,
a hipoxemia leva à inconsciência, à perda de
reflexos das vias aéreas e mais água chega ao pulmão.
CAUSAS de AFOGAMENTO
A - AFOGAMENTO PRIMÁRIO
É o tipo mais comum, não apresentando em seu mecanismo nenhum fator
incidental ou patológico que
possa ter desencadeado o afogamento.
b - AFOGAMENTO SECUNDÁRIO
É a denominação utilizada para o afogamento causado por patologia ou
incidente associado que o
precipita. Ocorre em 13% dos casos de afogamento, como exemplo; Uso
de Drogas (36.2%)
(quase sempre por álcool), crise convulsiva (18.1%), traumas
(16.3%), doenças cárdio-pulmonares (14.1%),
mergulho livre ou autônomo (3.7%), e outros
(homicídio, suicídio, lipotimias, cãibras, hidrocussão)
(11.6%). O uso do álcool é considerado como o fator
mais importante na causa de afogamento secundário
TIPOS DE ACIDENTES
NA ÁGUA E FASES DO AFOGAMENTO
Os três diferentes tipos de acidentes na água e
as fases do afogamento são sintetizadas
Conduta
O
socorrista
Deve promover o resgate imediato e apropriado, nunca gerando situação em que ambos (vítima e socorrista) possam se afogar, sabendo que a prioridade no resgate não é retirar a pessoa da água, mas fornecer-lhe um meio de apoio que poderá ser qualquer material que flutue, ou ainda, o seu transporte até um local em que esta possa ficarem
pé. O socorrista deve saber reconhecer uma apnéia, uma parada
cardiorrespiratória (PCR) e saber prestar reanimação cardiopulmonar (RCP)
O resgate
O resgate deve ser feito por fases consecutivas: Compreendendo a Fase de observação, de entrada na água, de abordagem da vítima, de reboque da vítima, e o atendimento da mesma.
Fase de observação
Implica na observação do acidente, o socorrista deve verificar a profundidade do local, o número de vítimas envolvidas, o material disponível para o resgate.
O socorrista deve tentar o socorro sem a sua entrada na água, estendendo qualquer material a sua disposição que tenha a propriedade de boiar na água, não se deve atirar nada que possa vir a ferir a vítima.
Em casos de dispor de um barco para o resgate, sendo este com estabilidade duvidosa a vítima não deve ser colocada dentro do mesmo, pois estará muito agitada.
Fase de entrada na água
O socorrista deve certificar-se que a vítima está visualizando-o. Ao ocorrer em uma piscina a entrada deve ser diagonal à vítima e deve ser feita da parte rasa para a parte funda. Sendo no mar ou rio a entrada deve ser diagonal à vítima e também diagonal à corrente ou à correnteza respectivamente.
Fase de Abordagem
Esta fase ocorre em duas etapas distintas:
Abordagem verbal; Ocorre a uma distância média de03 metros da vítima. O
socorrista vai identificar-se e tentar acalmar a vítima. Caso consiga,
dar-lhe-á instruções para que se posicione de costas habilitando uma aproximação
sem riscos.
Abordagem física; O socorrista deve fornecer algo em que a vítima possa se apoiar, só então o socorrista se aproximará fisicamente e segurará a vítima fazendo do seguinte modo: O braço de dominância do socorrista deve ficar livre para ajudar no nado, já o outro braço será utilizado para segurar a vítima, sendo passado abaixo da axila da vítima e apoiando o peito da mesma, essa mão será usada para segurar o queixo do afogado de forma que este fique fora da água.
"O SOCORRISTA NÃO PODE PERMITIR QUE A VÍTIMA O AGARRE"
Fase de reboque
O nado utilizado será o "Over arms" também conhecido como nado militar, ou nado de sapo. Quando em piscinas e lagos o objetivo sempre será conduzir a vítima para a porção mais rasa . No mar, será admitido o transporte até a praia, quando a vítima estiver consciente e quando o mar oferecer condições para tanto; será admitido o transporte para o alto mar (local profundo e de extrema calmaria), quando a vítima apresentar-se inconsciente e o mar estiver extremamente revolto (essa atitude dará condições ao socorrista de repensar o salvamento). Caso existam surfistas na área o socorrista, deve-se pedir ajuda.
Quando o socorrista puder caminhar, deve fazê-lo, pois é mais seguro do que nadar. Deverá carregar a vítima de forma que o peito desta fique mais elevado do que a cabeça, diminuindo o perigo da ocorrência de vômito.
Fase de atendimento
O atendimento
Em Primeiros
Socorros as alterações eletrolíticas e hídricas decorrentes
de diferentes tipos de líquidos(água doce ou salgada) em que ocorreu o acidente
não são relevantes, não havendo tratamentos diferentes ou especiais. Os
procedimentos em
Primeiros Socorros devem adequar-se ao estado particular de
cada vítima, no que se refere às complicações existentes.
Vale frisar que o líquido que costuma ser expelido após a retirada da água provém do estômago e não dos pulmões por isso, sua saída deve ser natural , não se deve forçar provocando vômito, pois pode gerar novas complicações.
Caso o acidente não tenha sido visto pelo socorrista, ele deve considerar que a vítima possui Traumatismo Raquimedular(TRM) e deverá tomar todos os cuidados pertinentes a este tipo de patologia.
--------------------------------------------------------------------------------
Em nível de Primeiros Socorros deve-se sempre:
1. Acalmar a vítima fazê-la repousar e aquecê-la através da substituição das roupas molhadas e fornecimento de roupas secas, casacos, cobertores e bebidas quentes
2. Manter a vítima deitada em decúbito dorsal procedendo com a lateralização da cabeça ou até da própria vítima afim de que não ocorra aspiração de líquidos.
3. Caso o afogado inconsciente seja deixado sozinho, ele deve ser colocado na posição de recuperação que mantêm o corpo apoiado em posição segura e confortável, além de impedir que a língua bloqueie a garganta e facilitar a saída de líquidos.
Outros procedimentos em casos particulares seriam:
1. Fazer a desobstrução das vias aéreas através da extensão do pescoço , da retirada do corpo estranho e da tração mandibular atentando sempre para a possibilidade de trauma cervical.
2. Em vítimas com parada respiratória, proceder com a respiração boca-a-boca objetivando manter a oxigenação cerebral.
3. Em vítimas com PCR, efetuar a RCP em casos que o tempo de submersão seja desconhecido ou inferior a uma hora.
Respiração Artificial Boca-a-Boca
Respiração Artificial Boca-a-Boca Reanimação Cárdio Pulmonar
Deve promover o resgate imediato e apropriado, nunca gerando situação em que ambos (vítima e socorrista) possam se afogar, sabendo que a prioridade no resgate não é retirar a pessoa da água, mas fornecer-lhe um meio de apoio que poderá ser qualquer material que flutue, ou ainda, o seu transporte até um local em que esta possa ficar
O resgate
O resgate deve ser feito por fases consecutivas: Compreendendo a Fase de observação, de entrada na água, de abordagem da vítima, de reboque da vítima, e o atendimento da mesma.
Fase de observação
Implica na observação do acidente, o socorrista deve verificar a profundidade do local, o número de vítimas envolvidas, o material disponível para o resgate.
O socorrista deve tentar o socorro sem a sua entrada na água, estendendo qualquer material a sua disposição que tenha a propriedade de boiar na água, não se deve atirar nada que possa vir a ferir a vítima.
Em casos de dispor de um barco para o resgate, sendo este com estabilidade duvidosa a vítima não deve ser colocada dentro do mesmo, pois estará muito agitada.
Fase de entrada na água
O socorrista deve certificar-se que a vítima está visualizando-o. Ao ocorrer em uma piscina a entrada deve ser diagonal à vítima e deve ser feita da parte rasa para a parte funda. Sendo no mar ou rio a entrada deve ser diagonal à vítima e também diagonal à corrente ou à correnteza respectivamente.
Fase de Abordagem
Esta fase ocorre em duas etapas distintas:
Abordagem verbal; Ocorre a uma distância média de
Abordagem física; O socorrista deve fornecer algo em que a vítima possa se apoiar, só então o socorrista se aproximará fisicamente e segurará a vítima fazendo do seguinte modo: O braço de dominância do socorrista deve ficar livre para ajudar no nado, já o outro braço será utilizado para segurar a vítima, sendo passado abaixo da axila da vítima e apoiando o peito da mesma, essa mão será usada para segurar o queixo do afogado de forma que este fique fora da água.
"O SOCORRISTA NÃO PODE PERMITIR QUE A VÍTIMA O AGARRE"
Fase de reboque
O nado utilizado será o "Over arms" também conhecido como nado militar, ou nado de sapo. Quando em piscinas e lagos o objetivo sempre será conduzir a vítima para a porção mais rasa . No mar, será admitido o transporte até a praia, quando a vítima estiver consciente e quando o mar oferecer condições para tanto; será admitido o transporte para o alto mar (local profundo e de extrema calmaria), quando a vítima apresentar-se inconsciente e o mar estiver extremamente revolto (essa atitude dará condições ao socorrista de repensar o salvamento). Caso existam surfistas na área o socorrista, deve-se pedir ajuda.
Quando o socorrista puder caminhar, deve fazê-lo, pois é mais seguro do que nadar. Deverá carregar a vítima de forma que o peito desta fique mais elevado do que a cabeça, diminuindo o perigo da ocorrência de vômito.
Fase de atendimento
O atendimento
Vale frisar que o líquido que costuma ser expelido após a retirada da água provém do estômago e não dos pulmões por isso, sua saída deve ser natural , não se deve forçar provocando vômito, pois pode gerar novas complicações.
Caso o acidente não tenha sido visto pelo socorrista, ele deve considerar que a vítima possui Traumatismo Raquimedular(TRM) e deverá tomar todos os cuidados pertinentes a este tipo de patologia.
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Em nível de Primeiros Socorros deve-se sempre:
1. Acalmar a vítima fazê-la repousar e aquecê-la através da substituição das roupas molhadas e fornecimento de roupas secas, casacos, cobertores e bebidas quentes
2. Manter a vítima deitada em decúbito dorsal procedendo com a lateralização da cabeça ou até da própria vítima afim de que não ocorra aspiração de líquidos.
3. Caso o afogado inconsciente seja deixado sozinho, ele deve ser colocado na posição de recuperação que mantêm o corpo apoiado em posição segura e confortável, além de impedir que a língua bloqueie a garganta e facilitar a saída de líquidos.
Outros procedimentos em casos particulares seriam:
1. Fazer a desobstrução das vias aéreas através da extensão do pescoço , da retirada do corpo estranho e da tração mandibular atentando sempre para a possibilidade de trauma cervical.
2. Em vítimas com parada respiratória, proceder com a respiração boca-a-boca objetivando manter a oxigenação cerebral.
3. Em vítimas com PCR, efetuar a RCP em casos que o tempo de submersão seja desconhecido ou inferior a uma hora.
Respiração Artificial Boca-a-Boca
Respiração Artificial Boca-a-Boca Reanimação Cárdio Pulmonar
TRATAMENTO
Conduta após o resgate aquático e primeiros socorros
Quem trabalha no atendimento pré-hospitalar enfrenta diariamente a
dúvida de quando acionar o socorro médico e quando encaminhar a vítima ao
hospital após o resgate. Em casos graves a indicação da necessidade da
ambulância e/ou do hospital é óbvia, porém casos menos graves sempre ocasionam dúvidas.
Após o resgate e o atendimento inicial existem basicamente 3 possibilidades:
1. Liberar a vítima sem maiores recomendações.
a) Vítima de RESGATE sem sintomas, doenças ou traumas associados - sem
tosse com
ausculta pulmonar normal, com as freqüências cardíacas e respiratórias
normais, sem
hipotermia e totalmente acordado, alerta e capaz de andar sem ajuda.
2. Liberar a vítima com recomendações de ser acompanhada por médico.
a) Resgate com pequenas queixas.
b) Grau 1 - Só liberar se a vítima estiver assintomática.
3. Encaminhar a hospital através de Suporte Avançado de Vida
(Ambulância).
a) Afogamento grau 2, 3, 4, 5, e 6.
b) Qualquer paciente que por conta do acidente ou doença aguda o
impossibilitam de andar
sem ajuda.
c) Qualquer paciente que perdeu a consciência mesmo por um breve
período.
d) Qualquer paciente que necessitou de RCP.
e) Qualquer paciente com suspeita de doença grave como; infarto do
miocárdio, lesão de
coluna, trauma grave, falta de ar, epilepsia, lesão por animal
marinho, intoxicação por
drogas, etc.
A assistência respiratória nestes casos é o mais importante. Inicie a
ventilação utilizando oxigênio a 15 litros por minuto sob máscara facial, e
dependendo do grau de insuficiência respiratória e a disponibilidade de
recursos no local realize a entubação oro - traqueal e a assistência
respiratória invasiva sob ventilação mecânica
EXAMES A SEREM SOLICITADOS
Grau 1 - Nenhum.
Grau 2 - Gasometria arterial e radiografia de tórax.
Grau 3 a
6 - Gasometria arterial, hemograma completo, eletrólitos, uréia, creatinina,
glicemia, elementos anormais no sedimento da urina, radiografia de
tórax, e tomografia
computadorizada de crânio
(se houver alteração no nível de consciência).
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