Empresários querem mudar nrs
Aproveitando-se da aparente fragilidade do
governo no atual momento político do país, empresários investem contra as NRs
sob a alegação do excesso de exigências. Trata-se de notícia da Folha de São
Paulo e repercutida na Confederação Nacional da Indústria, que reproduzimos
abaixo, após alguns comentários iniciais.
INTRODUÇÃO
Em
primeiro lugar, gostaríamos de comentar que não é difícil verificar que as NRs
estão ficando cada vez mais enciclopédicas, sofrem um progressivo inchaço com
revisões e inserções frequentes de novos itens, quadros, tabelas, anexos. Em
muitos aspectos não se tem verdadeiramente uma “atualização técnica”, mas
apenas mais burocracia.
Por exemplo, um dos alvos dos empresários
da indústria é a NR-12 (Máquinas e Equipamentos) e as NRs que afetam o
agronegócio, as NRs 31 (Rural) e a 36 (Frigoríficos). Para os empresários, o
fato de a NR-31 ter mais de 250 exigências (já comentada pela Senadora Kátia
Abreu na Veja e comentada neste Blog “Senadora Kátia Abreu detona a NR-31“) e
de que a NR-12 ter um arquivo PDF de quase 70 páginas, de fato se constitui um
absurdo. Nem os empresários vão conseguir cumprir tudo, e o que é pior, os
auditores fiscais, que já são em número reduzido, não vão conseguir fazer uma
fiscalização minimamente eficaz, que deve incluir necessariamente outras NRs na
Ordem de Serviço.
POSSÍVEL FOCO DO PROBLEMA
Entretanto,
é estranha a reação do empresariado, já que as NRs são redigidas de forma
tripartite, onde os representantes das empresas fazem parte de sua elaboração.
Além disso, entendemos que o foco do problema não é o tamanho do conteúdo e
importância dos itens das NRs, mas a repetitividade, a clonagem, a superposição
de regulamentos.
Assuntos
da NR-10 (Eletricidade), por exemplo, acabam se repetindo em várias NRs e dá a
impressão de que foram atualizadas mas ficaram tão somente mais extensas,
justificando os argumentos dos empresários do excesso de regulamentos. Outro
exemplo são as variedades de CIPAs (NR-5) e SESMTs (NR-4) e de formas de exames
admissionais e periódicos que aparecem em diferentes NRs, mas praticamente com
os mesmos objetivos. Isso para não nos alongarmos muito, pois as repetições são
múltiplas.
OPORTUNISMO OU BOM SENSO?
A
reação e pressão dos empresários não podem descaracterizar as NRs, não podem
ser oportunistas para desproteger o trabalhador, vulnerabilizando o elo mais
fraco do tripartismo. Mas estamos chegando a um momento concreto de admitirmos,
não por interesse econômico ou por puro oportunismo político, mas por uma
questão de bom senso e de visão técnica, de que a forma como as NRs estão
ficando não dá e que é necessária uma reformulação dos critérios de sua edição
e publicação.
NORMAS DE SEGURANÇA SÃO ALVO DE EMPRESÁRIOS
Valdo Cruz e Renata Agostini (Folha de São Paulo, Brasília)
Valdo Cruz e Renata Agostini (Folha de São Paulo, Brasília)
Num momento em que cresce o descontentamento dos empresários com a
gestão da presidente Dilma Rousseff, soma-se à lista de reivindicações do setor
privado um pleito bilionário: modificar as mais recentes alterações feitas nas
regras de segurança de equipamentos e máquinas usados no país.
Nas
contas do empresariado, seriam necessários investimentos de mais de R$100
bilhões para que todos os segmentos se adaptassem à nova legislação, que
começou a entrar em vigor gradualmente do final de 2010 para cá. O cálculo,
feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), chegou às mãos da
presidente Dilma Rousseff em junho. O relatório afirma que a norma atual traz
inúmeras exigências, mas conta com recomendações vagas, tornando “impossível
para as empresas ter clareza e segurança do que realmente deve ser feito”.
A
chamada Norma Reguladora 12, do Ministério do Trabalho,
estabelece critérios de proteção que devem ser adotados no uso de qualquer
maquinário no país, do chão de fábrica de grandes indústrias a pequenos
estabelecimentos, como borracharias e padarias.
O texto
da norma foi revisado em dezembro de 2010, passando de cinco páginas para mais
de cem. Os empresários dizem que tantas exigências tornaram o cumprimento da
inviável. Os últimos prazos venceram este ano e boa parte do maquinário está
“ilegal”. As normas obrigam os empresários, por exemplo, a criarem sistemas de
proteção no entorno das máquinas para evitar acidentes. Os modelos novos já têm
essas proteções, mas os antigos, não.
A CNI
diz ser a favor das normas de proteção, mas que é preciso adotar
um mecanismo de transição. Segundo o setor empresarial, as novas regras
não podem ser aplicadas a certas máquinas antigas, tornando obrigatória a sua
troca.
A
entidade propõe criar uma data de corte a ser negociada com o
governo. Antes dela, as máquinas não seriam obrigadas a seguir as novas
normas.
EFEITOS
Dados do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho mostram que a mudança já está afetando o setor. No ano passado, foram interditados 6.534 estabelecimentos no país, mais que o dobro de 2010.
Dados do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho mostram que a mudança já está afetando o setor. No ano passado, foram interditados 6.534 estabelecimentos no país, mais que o dobro de 2010.
O
prejuízo, alegam empresários, será generalizado se norma não for modificada.
Padarias, por exemplo, teriam de gastar em média R$ 130 mil para ficar dentro
da nova lei.
Desde o
início do ano, ministros vêm sendo alertados. Segundo apurou a Folha,
correspondências enviadas pelos presidentes da Firjan, Eduardo Eugênio Vieira,
e da Fiesp, Paulo Skaf, foram remetidas, em fevereiro, à ministra da Casa
Civil, Gleisi Hoffmann, e ao então ministro do Trabalho e Emprego, Carlos
Brizola.
Há dois
meses, o atual ministro da pasta, Manoel Dias, recebeu um relatório
da CNI. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a norma está em
revisão desde 2011, mas não há previsão de publicação de novos ajustes.
A pasta
afirmou, contudo, que reduzir as exigências “implicaria expor os trabalhadores
a riscos ora combatidos, representando inegável retrocesso no âmbito da
segurança dos trabalhadores brasileiros que lidam, diariamente,
com máquinas e equipamentos capazes de provocar mutilações e mortes”.
Além da
Folha, no Blog do Reinaldo, na Veja, foi publicado que:
“…é que o trabalho rural, por exemplo, está regulamento pela Norma
Regulamentadora nº 31. Ela estabelece, prestem atenção!, DUZENTAS E
CINQUENTA E DUAS EXIGÊNCIAS para se contratar um trabalhador rural. Pequeno ou
médio proprietário que tiver juízo não deve contratar é ninguém. O risco de se
lascar mesmo numa prestação temporária de serviços é gigantesco! NOTEM QUE
ESTOU TORNANDO PÚBLICA A NORMA, EM VEZ DE ESCONDÊ-LA”.
“o descumprimento de qualquer uma das 252 exigências pode render
uma infração de “trabalho análogo à escravidão”. E o proprietário rural está
lascado. Entra na lista negra do crédito, expõe-se ao pedido de abertura de
inquérito pelo Ministério Público etc. Com a nova lei, pode até perder a
propriedade”.
Finalmente
observem a opinião da Senadora Kátia Abreu sobre a NR-31:
“regras abusivas e difíceis de ser cumpridas à risca por todos os
fazendeiros são as que determinam as dimensões exatas dos beliches, a espessura
dos colchões ou a altura das mesas nos refeitórios”.
Fontes: Folha de São Paulo 06/07/2013; Veja,
Blog do Reinaldo.
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