Acidentes de trabalho matam quatro mil por ano no país.
Quase quatro mil pessoas morrem no
Brasil por ano em acidentes de trabalho, e a maior parte das vítimas são jovens
entre 25 e 29 anos. O alerta é do coordenador nacional do Fórum Sindical dos
Trabalhadores (FST), José Augusto da Silva Filho, que participou de audiência pública
da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, na manhã desta quinta-feira
(15), para tratar da segurança dos trabalhadores brasileiros.
Segundo ele, a classe trabalhadora no
país ainda é ameaçada pela flexibilização da legislação trabalhista, pelo desrespeito
às leis e pela falta de estrutura do Ministério do Trabalho, que não fiscaliza
as empresas como deveria.
– O resultado deste quadro é que os
acidentes laborais custam R$ 32 bilhões por ano aos cofres públicos. A
prevenção ainda é a forma mais importante para se evitar prejuízos e
incapacitação, mas o governo não tem investido mais em grandes campanhas
nacionais de conscientização – lamentou.
José Augusto da Silva Filho
aproveitou para advertir os sindicatos sobre a importância de se investir em cursos
de capacitação e formação para seus quadros. Além disso, ele defendeu a criação
de departamentos especializados, a elaboração de estudos e pesquisas e a
contratação de consultorias.
– Não basta ficarmos só reclamando
dos patrões. Temos que fazer a nossa parte também. Sem gente qualificada, como
vamos nos sentar à mesa para negociar? Existem assessores jurídicos e contábeis
para todo lado; por que os sindicatos não contratam assessores em segurança e
em saúde no trabalho? – indagou.
Dois mil acidentes por dia
A audiência pública foi presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que
levou aos convidados mais números da área. Conforme dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho do Ministério da
Previdência Social apresentados pelo senador, em 2010, ocorreram 701 mil
acidentes de trabalho no Brasil, uma média de quase dois mil por dia. Em 2009,
foram 733 mil; e em 2008, 755 mil.
As estatísticas, no entanto, são
subestimadas, alerta o representante da Nova Central Sindical (NCS), Luiz
Antônio Festino. Ele explicou que muitos casos não chegam ao conhecimento dos
ministérios do Trabalho, da Saúde e da Previdência Social; e, além disso, os
dados oficiais não incluem os servidores públicos, os militares e os
trabalhadores que estão na informalidade.
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